quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Anatomia

Em minhas mãos, Canudos
Em meus pés, Cabanagem
Me alimentei por nove meses de gestação por um Quilombo que hoje é cicatriz
As greves de professores combatem vírus e bactérias estranhas
A Balaiada é quem filtra meu sangue
Meu sangue é vermelho e vermelho sempre será
Ele é distribuído por todo meu corpo através de uma bomba, a luta contra a ditadura
Embaixo dessa bomba, duas revoluções absorvem o oxigênio: a cubana e a bolchevique
O oxigênio entra ali pela Comuna de Paris, é por ela que também sinto cheiros!
Bem perto tem minha boca, cheia de Malês que me ajudam na mastigação
Os Sem Terra e os Sem Teto possibilitam minha audição
Na minha mente a classe trabalhadora, é com ela que penso
Minha história é minha realidade
É isso que sou e esse é meu corpo
Um corpo que não foge da luta

sábado, 17 de agosto de 2019

Mão de obra

Meu peito aperta
não é a emoção da novela
é a agonia
Minha mente ferve
não como na loucura da festa
mas o fervor de quem teme o futuro
Meus joelhos doem,
assim como meus ombros
e todas articulações
Mas eles não se importam
para eles eu não penso
e nem sinto
sou só mão
mão-de-obra

Qualquer dia ainda enfio minha mão-de-obra
bem no meio da cara deles