sábado, 11 de maio de 2013

Davi contra Golias


   Era uma vez um estudante. Um estudante de Educação Física. Durante seu estágio em uma escola pública estadual, comendo seu saboroso mingau de chocolate, foi abordado por um garoto. Davi perguntou ao estudante onde era o bairro em que o estudante cursava sua faculdade. O estudante respondeu que ficava no bairro Bela vista. Davi disse que conhecia o bairro, pois já tinha trabalhado panfletando nessa região. Davi, 13 anos, disse que trabalhava entregando panfletos. O estudante perguntou a Davi se ele conseguia juntar um dinheiro com este trabalho. Davi respondeu que ganhava mais ou menos 300 reais por mês. O estudante indagou o garoto perguntando se ele conseguia guardar um dinheirinho para ele. Davi respondeu que as vezes conseguia guardar um pouco, mas que estava ajudando o pai a pagar o caixão da irmãzinha, que recentemente tinha nascido morta.
   Seria totalmente compreensível aos meus olhos se esse garoto procurasse meios não convencionais para conseguir o dinheiro do caixão da irmãzinha. Não convencionais e ilegais. Com certeza toda uma classe com valores superficiais e egocêntricos difamariam o garoto menor de idade aos quatro cantos. É difícil ver que esse indivíduo de 13 anos, teve que trabalhar para pagar um objeto, que seu pai não consegue pagar. É difícil ver as condições de trabalho e a remuneração que esse pai recebe, que obriga o filho a trabalhar para pagar o caixão da irmã. É difícil saber que como Davi, existem vários casos como esse na rede pública de educação. É difícil de ver, que os mesmos que penam na rede pública de educação, penam na rede pública de saúde.
   Depois de voltar da escola particular e do empreguinho bem sucedido; depois de voltar das aulas particulares de natação, balé, tênis e da consulta ao psicólogo; depois da seção de acupuntura e do personal treiner; depois de enxer o bucho as custas de uma empregada (essa classe que agora ousou ter direitos, humpf!); depois de tudo isso, é fácil dizer que bandido bom é bandido morto e "viva a redução da maioridade penal".
Bando de pau no cu!

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