segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Rio Claro, Pastor João e a Igreja invisível!

     Hoje, na câmara dos vereadores em Rio Claro, entre diversos pontos a serem votados, tiveram dois projetos de lei no mínimo curiosos (pra não dizer outra coisa) e que mostram bem à quem serve essa casa.
   
     O primeiro diz respeito a uma implementação de um programa sobre empreendedorismo nas escolas municipais, fomentando a formação do “capital humano” com o intuito de “contribuir para a disseminação da cultura empreendedora” e “despertar e fortalecer o espírito empreendedor dos estudantes”. Este projeto, de autoria do vereador João Luiz Zaine, é um infeliz projeto que reforça a visão mercadológica que a escola possui, passando não somente a reproduzir a desigualdade social que é intrínseca e implícita a ela, mas explicitando o seu caráter mercantil. O empreendedorismo, segundo citação que contempla o vereador, “é o motor que gera inovação, emprego e crescimento econômico”. Só esqueceu-se, ou não quis, dizer que junto ao emprego, traz mais exploração; junto à inovação, traz a exclusão; e que o crescimento econômico é o crescimento econômico para os patrões, não para os trabalhadores, que são quem de fato produzem as mercadorias! Mas essa projeto de lei permanece em “stand by”, pois algum vereador pediu vistas por 90 dias.

     Já o segundo projeto de lei, de autoria de José Pereira dos Santos e Anderson “fiscal de cu” Christofoletti, legislava sobre a imunidade tributária do IPTU sobre os imóveis dos Templos de qualquer culto, das organizações religiosas, e da Santa Sé. O projeto foi aprovado por unanimidade entre os 11 vereadores presentes na seção. Nenhum questionamento levantado, nenhuma fala, nenhuma ponderação. Todos aceitaram bovinamente. Mas como perguntar não ofende (pelo menos não deveria), porque todos os vereadores aceitaram sem questionamentos o projeto de lei? Porque todo trabalhador que possui moradia deve pagar IPTU e as igrejas não? Qual o benefício social que essas instituições produzem? Se a arrecadação da prefeitura está caindo drasticamente, porque dar esse benefício a essas instituições duvidosas que não prestam contas a ninguém? Porque todas as comissões (Comissão de Constituição e Justiça, Comissão de Acompanhamento da Execução Orçamentária e Finanças, Comissão de Políticas Públicas) deram parecer favorável à lei?

     Já que no Plano Municipal de Educação, depois das igrejas tanto baterem o pé, consta que deverá estar presente ano que vem o ensino religioso nas escolas, que matemos vários coelhos com apenas uma cajadada! Que sejam os representantes do fundamentalismo religioso cristão dessa cidade os responsáveis pelas aulas do ensino religioso, e que também sejam responsáveis pelo projeto de empreendedorismo nas escolas. Só estes, principalmente as igrejas evangélicas, conseguem multiplicar dinheiro de uma maneira inexplicável! Sabemos muito bem disso, eles multiplicam como ninguém. E podem até fazer isso na mesma aula! É o famoso slogan vindo à tona, “pequenas igrejas, grandes negócios”.

    E assim vemos a quais interesses essa casa que se diz do povo serve.  Nunca o termo “sessão ordinária” foi tão oportuno...



"Para os pobres e desesperados
E todas as almas sem lar
Vendo barato a minha nova água benta
Três prestações, qualquer um pode pagar

O sucesso da minha existência
Está ligado ao exercício da fé
Pois se ela remove montanhas
Também traz grana e um monte de mulher."
Raul Seixas - Pastor João e a igreja invisível

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