quinta-feira, 5 de maio de 2016

É golpe ou não é golpe?

Não, eu não acho certo toda a armação que Cunha e Temer tem feito à Dilma e ao PT. Sim, eu acho que Cunha bolou grande parte do que está acontecendo como revide ao seu nome ter aparecido nas investigações na lava-jato. Sim, também acho o Cunha o que há de mais inescrupuloso na política. É, também acredito que o Temer está sendo extremamente oportunista e que vai dar "novos velhos" rumos à política brasileira.
Mas, se os "golpistas" vão privatizar e isso não pode ser feito, porque fizeram tantas concessões? Concessões de postos e aeroportos?
Se os "golpistas" vão fazer cortes nos direitos trabalhistas, o que foi aquele Plano de Proteção ao Emprego (PPE) que mais se parece Plano de Proteção ao Empresariado? E as reformas trabalhistas e da previdência? Os golpes à classe trabalhadora já não estavam sendo feitos pelo próprio PT?
Mesmo execrando os "golpistas", como defender os "democratas"? Como eu vou chegar à um moleque na favela da maré, no Rio de Janeiro, ocupada pelo exército, e dizer que ele tem que defender a democracia e por isso defender o governo Dilma? Com que cara eu faço isso? Com que cara eu defendo o governo petista pra bolsistas Pibid que não terminarão o ano com suas bolsas pois foram cortadas verbas para a educação? É preciso muita cara de pau!
Os do voto-crítico dizem que não defendem o governo, e sim a democracia. Mas que democracia? O que é democracia? Essa coisa que ninguém sabe o que é e defendem até a morte? "É que você não viveu uma ditadura, você é jovem" dizem os sessentões. Mas então democracia é a soma de voto direto com liberdade de expressão?
Quando me perguntam se eu sou contra ou a favor do impeachment/golpe eu me sinto como aqueles dois garotos de uma cena do filme Cidade de Deus, quando perguntados se querem tomar tiro no pé ou na mão. E tem que escolher, no momento não há outra opção! A diferença é que na vida real essa outra opção há, mesmo falando-se pouco dela. Essa terceira opção está nas organizações de fábrica, nas organizações por locais de estudo, organizações nas escolas, e não escolhendo "um político que não goste por outro que talvez eu venha a gostar", como dizia Saramago.
Podem nos chamar de isentões, de puritanos, chamem do que quiserem. Passado tudo isso, daqui a décadas, eu ficarei tranquilo sabendo que não reivindiquei democracia-burguesa e não somei com fração de burguesia alguma. Nos livros de história não estarei no mesmo grupo que a "democrata" Katia Abreu.

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