quarta-feira, 10 de junho de 2015

A Educação Física e o samba


     A Educação Física escolar, enquanto componente curricular obrigatório, não pode se permitir manter-se alheia às problemáticas sociais e ao contexto existente. A Educação Física escolar não pode permitir que seja mera retórica a conquista de pautas fundamentais em documentos como a LDB e os PCNs, no que diz respeito à construção da cidadania e preceitos básicos da dignidade humana. Ela não deve eximir-se da responsabilidade de construção de sujeitos críticos e transformadores da realidade em detrimento de meros “atletas” e pessoas fisicamente ativas.


     Em nossa aula possuímos uma característica que nos coloca a frente das demais matérias, podemos trabalhar qualquer conteúdo que bem entendermos relacionando-o com o movimento e/ou corpo humano. Por exemplo, uma professora de História dificilmente realizaria um pega-pega utilizando elementos da história do Brasil, como os capitães-do-mato pegando os negros, prendendo-os na senzala, e fazendo com que o piques chame-se quilombo. Mas a Educação Física escolar pode, e se comprometida com a sociedade, deve, utilizar de um simples pega-pega para incrementar o conhecimento histórico do nosso contexto, relacionando sua especificidade com temas maiores, no caso o racismo e a sociedade de classes. Chegar nesse assunto através da atividade física torna-se muito mais prazeroso do que enclausurado em uma sala de aula por mais de três horas seguidas.

     Os processos educacionais não são neutros e universais, embora às vezes se travistam de tal maneira. Se na sociedade os indivíduos e suas classes não possuem um objetivo comum, e mais do que isso, são antagônicos, por conseguinte, esse conflito adentra no campo da Educação Física e esse conflito se torna latente entre as diversas pedagogias referentes à área.

     Podemos resumir, à grosso modo, a Educação Física em dois grupos. Um grupo que concebe a Educação Física como mera ferramenta para o desenvolvimento das capacidades e habilidades físicas, grupo este majoritário, sendo composto por visões desenvolvimentistas e biologicistas. Já o outro grupo não se limita apenas ao conteúdo específico da Educação Física, aplicando-os às demais necessidades de uma determinada população, determinada classe, a classe explorada da população, sempre partindo da cultura corporal de movimento para se chegar as necessidades maiores. Este segundo grupo possui uma concepção da Educação Física enquanto transformadora da sociedade, trazendo a tona questionamentos sobre o capitalismo, racismo, homofobia, machismo, etc.

    É como diz o Planet Hemp, "se não faz parte da solução, então faz parte do problema!", e isso se aplica tranquilamente à Educação Física.
Finalizando com outra música, Nação Zumbi, " e você samba de que lado? de que lado você vai sambar?"

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