quinta-feira, 11 de junho de 2020

Movimento Negro da Globo


Os repórteres da GloboNews cobrem as manifestações contra o racismo nos EUA na íntegra. Informam que hoje é o oitavo dia seguido de passeatas e ressaltam com um tesão de encher a boca quando dizem que ela é pacífica. Pontuam que alguns, uma minoria, adere ao quebra quebra em certo momento e que assim deslegitimam o movimento.
Nessas matérias eles também dizem que os manifestantes marcham por 4h, 5h ininterruptas.
Sem dúvida essas marchas são uma demonstração de força da luta antiracista. Mas apenas demonstração, simples amostra da capacidade que essa pauta pode ter. Se limitar a essa demonstração pode ser inútil. Não é poder de fato. O Trump e toda polícia racista dos EUA podem assistir tranquilamente essas manifestações por semanas, meses, sem mudar absolutamente nada a situação dos negros no país. O mesmo policial que abraça um manifestante hoje tem grandes chances de atirar nele amanhã.
Aliás, uma repórter de rua diz que a palavra de ordem mais radical que há nas manifestações é a que acusa a polícia de ser racista. Muito distante do "todo poder para o povo" dos tempos de Panteras Negras e que poderoso nenhum tinha simpatia.
O que incomoda é o que transforma, o que incomoda é a força sendo exercida de fato.
A história nos ensina algumas lições. Martin Luther King quando foi morto, em Memphis, estava na cidade para acompanhar a greve de trabalhadores sanitários, trabalhadores em sua maioria negros que não estavam recebendo seus salários. Ainda que o Pastor tivesse feito marchas em sua caminhada, sabia que o apoio as greves de trabalhadores negros era fundamental. Marchar era importante, mas não bastava.
Assim como Malcolm X e Steve Bikko já disseram, existe uma inseparável ligação entre capitalismo e racismo, que só será quebrada com protestos e ações que incomodem. Greves, piquetes, quebra quebra, ações que não emocionem os toscos repórteres liberais da GloboNews.

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