segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O muro da minha faculdade.


Sobre a Unesp, Universidade Estadual Paulista, campus de Rio Claro.

    Querido reitor, diretor, professor, aluno ou qualquer um que pague impostos e estiver lendo esse simples relato, venho por meio destas medíocres e sinceras palavras, trazer um sentimento de extrema "quase" felicidade e esperança.
    Temos a oportunidade de aprender no meio acadêmico, que para estar neste meio é preciso ser uma pessoa de sorte. Sorte? Sim, de sorte! Sorte de termos nascido em famílias bem estruturadas, com condições de fornecer aos filhos tudo que uma precisam para "se dar bem", escola de qualidade, fluência em outras línguas, aulas de natação, violão, psicólogos, etc. Digo sorte pois essas famílias são minoria em nossa sociedade, poderíamos ter o azar da cegonha ter nos deixado na porta de algum descamisado, ou na casa de uma faxineira onde não há nenhum descamisado, ou na casa de uma faxineira que mora com um descamisado e mais cinco filhos e uma cesta básica. Quando digo azar, digo me baseando no fato de que seria muito difícil ser um invivíduo nessas famílias azaradas e conseguir a dadiva de estudar em uma universidade pública, pois conseguir vencer a muralha que é um vestibular, sendo que os conteúdos necessários para transpor essa muralha não é ensinado e nem faz parte da realidade desses azarados, é muito difícil e suas excessões não o tornam justas.
    O descamisado, a faxineira, os 5 filhos e toda população que com eles se parecem, que são a maioria de nossa população (logo a maioria de dinheiro do imposto investido na universidade pública vem deles) não conseguem entrar na universidade pública, mas podem fazer parte dela, não? Adquirir algum conhecimento? Frequenta-la? Dificilmente, pois inexplicavelmente há um muro que a protege sabe-se lá de quem e porque. Prefiro acreditar que esse muro esteja lá para nos proteger de possíveis ataques de marcianos e não da população que a mantém e é trancada para fora, sem saber que paga por um muro que a exclui e que acabamos por aceita-lo em nome dessa coisa sem nexo que chamamos de segurança.
    Mas para a ingênua felicidade de um mero estudante que praticava atividade física no perímetro da faculdade, ele viu que esse muro foi derrubado por alguns metros, todo derrubado por alguns metros, e ainda que seja para asfaltar a rua que o beira e logo será feito um novo muro, o estudante conseguiu ver uma imensa proximidade entre laboratórios e salas de aula com as casas e pessoas de um bairro que não é elitizado, um bairro de pessoas que mais se parecem com as azaradas. Ainda que esse muro vá ser reerguido, foi possível ver que ele pode ser derrubado, e melhor ainda que derrubar a barreira física seria derrubar o preconceito, a exclusão e todo tipo de barreiras invisíveis.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Nos livrai do maniqueísmo, Amém!

    Desde pequenos estamos habituados a ver disputas entre o bem e o mal, Peter Pan contra o Capitão Gancho, Simba contra Scar, Caçador contra Lobo Mau. Até que crescemos um poucos e descobrimos a ficção, Jedi contra o Império. Crescemos mais um pouco e descobrimos a realidade, polícia contra bandido (e vice versa). Por mais inocente que nossa infância possa parecer, induzimos crianças a crescerem com uma visão maniqueísta de mundo, como se tudo fosse simples, o bem sempre lutará contra o mal, e que sempre saberemos quem é o bem e quem é o mal.
    Me peguei lembrando de um comercial da folha de São Paulo que diz todas as coisas boas que Hitler fez para a Alemanha e que ao final lança o slogan "é possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade". Todos nós aprendemos na escola e nas convivências sociais que Hitler foi o diabo em pessoa, matou milhões de pessoas, entre elas judeus, homossexuais, ciganos e outras minorias, e me peguei pensando, como o pior homem do planeta reduz drasticamente a taxa de desemprego e faz um país destruído voltar a crescer, dando esperanças ao seu povo? Como aquele cara horrível com bigodinho do Chaplin (hoho) conseguiu fazer coisas boas? Como aquele cara que matou milhões poderia ter algum sentimento benéfico a outro ser humano? Pois se ele é sempre usado de exemplo a não ser seguido quando nos referimos a atrocidades cometidas, porque não revezamos seu posto com o governador que recentemente expulsou pessoas sem moradias do local onde estavam abrigadas de suas casas construídas por suas próprias mãos, em São José dos Campos (Pinheirinho)? Porque não usamos de exemplo também aqueles Generais que deram ordens para torturarem e matarem inúmeras pessoas em períodos de ditadura militar nos países latinos? Porque não se referir a Fidel Castro como assassino já que pessoas que apoiavam o governo de Fulgêncio Batista eram fuziladas no paredão? E a China? E os Estados Unidos com sua política de destruir tudo e todos que vêem pela frente no Oriente Médio visando apenas petróleo?
    Antes de crucificar para propagar uma ideologia, precisamos é saber o porquê das coisas. O modo de ver e viver seguindo o maniqueísmo, apenas nos leva a intolerância e a falta de respeito, no faz crer que os fins justificam os meios. Tudo tem um porque, mesmo que a gente não saiba, seja por bem estar de consciência ou de materiais , há uma explicação. E pra mim, Hitler é bode expiatório, boi de piranha!