terça-feira, 27 de novembro de 2018

Quem são nossos camaradas?

Imagine que, hipoteticamente, a revolução ocorra.
Hipoteticamente, sejam construídas trincheiras para combater nossos inimigos.
Ao longe, avistamos policiais, militares, pessoas de altos cargos nas empresas, RH's, todo o chorume de governantes e até ex-presidentes.
Avistamos também alguns que até pouco tempo trabalhavam ombro a ombro conosco.

Nossos fuzis são poucos e, hipoteticamente, restam apenas pedras e estilingues.
Quem os pegará?
Seu nome não entrará para a história, ninguém lembrará de você.
Ninguém baterá palmas quando te encontrar na rua.

Mas você sabe de que lado da trincheira você estará.
De que lado você, hipoteticamente, estará?
De que lado você está nesse exato momento?

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Onde repor as energias?

Os alpinistas depois de um esforço intenso costumam repor suas energias em seus acampamentos. Lá eles renovam as energias para uma nova caminhada.

Mesmo esforço intenso exercem os maratonistas, que durante as corridas aguardam os pontos onde ajudantes entregam copos d'água, podendo assim se reidratarem.

Mas eles são esportistas.
Onde o trabalhador comum repõe suas energias?
Não a do sono, não a da comida.
Aquela energia que nos dá sentido a vida
Que nos conforta para continuar no trabalho desgraçado.
O trabalho nos suga.
O lazer não suga, mas também não reabastece.
Há quem diga que a pinga é um bom remédio.
Há quem diga que rivotril também o é.

Onde repomos nossa energia e limpamos as lentes de nossos óculos?
No partido,
No nosso partido.

domingo, 18 de novembro de 2018

Contra o futebol moderno


Ser contra o futebol moderno não é ficar repetindo frases do estilo "cenas lamentáveis", "todo dia um 7a1 diferente", "lei de gil", "didico" e outras coisas de mocorongo.

Ser contra o futebol moderno é saber (consciente ou inconscientemente) que, assim como tudo no capitalismo, o futebol é mercadoria. Não importa a paixão, o que importa é dinheiro. Compra e venda de vagas, de jogadores, de copas e campeonatos... vale tudo em função do lucro. 

Para o capitalismo monopolista vale a pena rebaixar quantos times for necessário, precarizar ao máximo times com menor poder de marketing pra beneficiar os gigantes em vendas e seus patrocinadores. Centralizam o capital e privam os trabalhadores de viver o esporte de perto.

Mas a luta não para.
Socialismo e futebol pra todos!

Versatilidade

Jogar futebol
Lutar boxe
Andar de skate
Ser professor
Estudar política
Tocar violão e pandeiro
Escrever poemas
Como uma única pessoa consegue fazer tudo isso?
É fácil, sendo medíocre em tudo que faz.

sábado, 10 de novembro de 2018

Não é o momento

Não é o momento para criticar o partido.
Não é o momento para criticar as velhas práticas.
Não é o momento de falar em revolução.
Se não hoje, quando então?
Se é agora que o trabalho me adoece?
Se é agora que não me aposento?
Se é agora que sou demitido?
Se é agora que dizem que nossos direitos são privilégios?
Quando então será o momento?
Como as crianças que pedem algo aos pais: "na volta a gente compra"?

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Clientela

Professores, parem de se referir aos alunos como "clientela". Quem tem cliente é a NET, o McDonalds, é a pizzaria da esquina. Trabalhamos em escolas municipais, portanto, não temos clientes, temos alunos e comunidade escolar. Tá okey?

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Carta de um trabalhador arrependido

Gostaria de assumir em público meu voto na última eleição. Meu voto foi em Jair Bolsonaro. Não tenho vergonha em assumir isso porque votei convicto. Da mesma maneira que votei convicto, convicto assumo que me arrependi.
Hoje percebo que tendo passado a reforma da previdência trabalharei até meus 70 anos, ou mais, trabalharei até morrer. Quando ele disse na campanha que os trabalhadores teriam de escolher entre ter direitos ou ter emprego eu não dei bola. Minha filha está grávida de 8 meses e continua trabalhando, pois não consegue licença, assim como meus colegas de trabalho doentes e lesionados que não conseguem mais afastamentos e trabalham mesmo sem ter condições de trabalhar, aprofundando as enfermidades. O salário diminuiu, a gente anda comendo menos carne e mais ovo e frango. O Natal tá chegando e não sei como vou fazer com os presentes. Cortar o décimo terceiro foi sacanagem!
O pessoal do serviço até comenta em greve, mas tem medo da polícia vir aqui e arrebentar todo mundo. Dizem que os tiras tão com sangue no zóio com todos agora que não tem mais dor de cabeça pras coisas erradas que fazem. Ouvi dizer que chamam de "excludente de ilicitude", né?! Nome bonito pra matar inocente e não sofrer consequência nenhuma.
Aumentaram também a lei anti-terrorismo, da Dilma, lembra? Hoje qualquer protesto é terrorismo. Onde já se viu? Querer ter um salário melhor virou terrorismo!
Acho que se o tal do Fernando Andrade tivesse sido eleito pelo menos essa parte da polícia não acontecia tanto, por não ser militar. Mas é isso, trabalhador as vezes é igual criança. Não adianta dizer que se colocar o dedo na tomada vai tomar choque, ele tem que ir e tomar o choque pra aprender. Eu só queria que esse choque fosse só jeito de falar e não que fosse a tropa de choque e a cadeira elétrica.
José da Silva
5 de novembro de 2020.