quarta-feira, 5 de setembro de 2018

7 de setembro e as linhas imaginárias

Eu já tive uns amigos meio xaropetas que na infância tiveram amigos imaginários. Eles cresceram e os amigos foram embora.
Mas diferentes desses amigos meus, que deixaram os amigos imaginários irem embora, grande parte de nós ainda acredita em coisas imaginárias. Não em amigos, em linhas! Não é doido? Aprendemos a vida toda que o que separa os países são linhas, mas quando chegamos perto de onde deveriam estar elas nunca estão.
A escola, desde que somos pequenos, nos inculca uma devoção patriótica completamente irracional. Nos dizem que devemos saber o hino, amar a pátria, honrar a bandeira e até morrer por ela, de maneira que mais nos parecemos como cachorros praticando a fidelidade canina.
Que diferença tenho eu dos professores chilenos? Que diferença tem o operário brasileiro dos operários japoneses, explorados e massacrados cotidianamente? O jovem da periferia da África do Sul não tem a mesma pele negra e tem os mesmas condições de vida que os jovens daqui?
Se pegarmos o mapa da África, não é surreal que as linhas imaginárias pareçam terem sido feitas com régua? Um bando de invasores parece ter se sentado em uma mesa e decidido quem ficaria com qual parte daquele território que não era de nenhuma deles!
Enquanto os patrões utilizam os seus Estados para manter e aumentar seus lucros, as linhas imaginárias só existem para nós, trabalhadores, e não para eles.
Curioso é assistir ao jornal e ver que fronteira só existe para os pobres sempre que tentam cruzar os países, são barrados, presos ou mortos. Os ricos não. Para o capital não existem fronteiras.
Não temos nada a comemorar com feriados nacionalistas. Enquanto alguns gozam de sentimentos patrióticos no 7 de setembro, muitos perdem suas famílias por contas de linhas imaginárias. Os venezuelanos, sírios, mexicanos, palestinos, e vários outros sabem bem o que é isso.
Nossa pátria é a classe trabalhadora e nosso hino é a Internacional. Que comemoremos o dia da independência, não da colônia, mas das organizações independentes da classe trabalhadora.
E quem diria que os amigos imaginários seriam menos prejudiciais do que as linhas imaginárias.