sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Trabalho de cu, é rola!

    Uma simples notícia fomentou esse texto/comentário/post/pouco importa. Estava assistindo determinado telejornal quando é noticiado o seguinte: Brasileiro trabalha quase 5 meses só para pagar impostos. Nada deveria me incomodar nem me emputecer, pelo contrário, eu deveria ficar contente, sabe porque? Porque como trabalhamos 5 meses para pagar impostos -impostos estes que são revertidos em transportes públicos de qualidade, educação de qualidade, lazer de qualidade, saúde de qualidade- eu teria mais 7 meses dentro  de um ano para conseguir meios de bancar alimentação, manutenção de materiais, pequenos reparos em geral ou torrar dinheiro seja lá com o que me viesse na cabeça. E para sanar esses gastos, de maneira alguma, exigiria de nós que trabalhássemos esses 7 meses como um camelo, como acontece de fato.
     Mas, porque acontece de fato? Porque alguns direitos que são constitucionais, que são deveres do estado, não são cumpridos? Será que o Estado existe para trazer benefícios a população como um todo ou apenas à uma parcela? Para onde vai o dinheiro dos 5 meses de impostos? Será que educação e saúde públicos estão do jeito que estão por descaso divino? O transporte é caro para incentivar a atividade física?Será que trabalhamos para poder comer e comemos para poder trabalhar? Estamos contentes com nossos trabalhos ou estamos contentes apenas por ter trabalho? Porque trabalhamos tanto para vivermos (viver não é sobreviver!) tão pouco? Trabalhar para quem?
   Ultimamente um pensamento tem me encontrado bastante, o do culto ao trabalho. Há deuses que andam dizendo por ai que o trabalho dignifica o homem. Trabalho. Trabalho. Trabalho. Quem disse que é preciso trabalhar desse modo? Vejam como eram os índios. Será que quando eles plantavam, colhiam, se banhavam, dançavam, eles era capazes de diferenciar o que era trabalho e o que era diversão, ou era tudo um só, tudo uma necessidade que não havia distinção nem exacerbação?
   Os pontos que quero chegar são dois:
 1- Será que não existe outro meio de se viver que não seja em função do trabalho? À quem beneficia essa supervalorização do trabalho? Será que a essência de alguns humanos é o trabalho e a essência de outros é usufruir do trabalho alheio?
 2- Será que existe realmente a essência humana (pegadinha!)? Será que não somos nós que construímos tal essência? Se somos nós que construímos, nós não podemos muda-la? Supera-la? Que tal?

Matéria: http://oglobo.globo.com/economia/brasileiro-trabalha-quase-5-meses-so-para-pagar-imposto-diz-ibpt-4955270

Direito a preguiça: http://www.socialistamorena.com.br/o-direito-a-preguica/
(nada se cria, tudo se [reflete ou]copia)

E pra quem acha que existe essência humana... http://www.cpbe.com.br/Textos/textos_outros.html
 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Boyzinhos revolucionários

     Na última manifestação que ocorreu ano passado, na USP, alunos ocuparam, se não me engano, a reitoria da universidade para protestar contra as parcerias realizadas entre polícia militar e universidade. Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi o argumento utilizado pelos "estudantes de bem" que se indignaram com a ocupação. Essas pessoas se apegaram à imagem de um estudante que usava óculos rayban e um moletom da marca GAP, divulgada, se não me engano, pela imparcialíssima e sensatíssima revista veja, para rechaçar os estudantes dizendo que eram "filinhos de papai" e "boyzinhos revolucionários". Procuravam deslegitimar todo movimento historicamente construído, que possui relevância considerável nos acontecimentos recentes do país, e que de acordo com os "estudantes-de-bem" não deveriam estar na universidade e sim, dar lugar à quem de fato deseja estudar.
    Pois bem, um amigo de um amigo de um amigo meu, que já participou de centros acadêmicos e frequenta os espaços do movimento estudantil frequentemente é taxado de "boyzinho revolucionário" ou "revolucionariozinho" em rodas de amigos, que não compartilham as opiniões políticas deste e nem tão pouco ousaram participar, nem conhecer o movimento estudantil para ter uma conclusão mais sensata e uma crítica menos superficial sobre tal movimento. Esses amigos frequentemente ironizam o fato do estudante usar um tênis de uma marca globalizada, o fato do estudante usar como meio de locomoção um skate que não é barato, ou o fato do estudante  viajar, pois na visão dos "estudantes de bem", viajar é um ato capitalista e assim ele se contradiz.
    Quando um sujeito levanta questionamentos sobre o sistema em que ele está inserido, e ele se posiciona contra as injustiças ele obrigatoriamente tem que sair do sistema e ir morar em qualquer outro lugar que não haja tais injustiças, como em uma aldeia indígena? Caso o estudante levasse a sério a ridicularização de seus colegas, conseguiria ele confeccionar suas próprias roupas, fazer seus próprios tênis, morar em uma oca e ter uma horta e viver apenas da subsistência?
     Certo professor um dia disse: "quem não tem uma contradição na vida, que atire a primeira pedra." No decorrer de nossas vidas e no decorrer de nossas reflexões vamos descobrindo inúmeras contradições e acredito que diminuindo tais contradições presentes em nosso discurso e nossa prática, deixamos uma sociedade melhor do que a sociedade que encontramos, menos contraditória e desigual.
    E aos estudantes de bem que ironizam os que procuram fazer algo na prática e não somente ficar compartilhando fotos e vendo as contradições alheias, que olhem para si e tornem-se cada vez mais revolucionários de si mesmos, como diz o "revolucionariozinho da periferia", Sergio Vaz, "revolucionário é todo aquele que quer mudar o mundo e tem a coragem de começar por si mesmo". Antes um "playboy revolucionário" do que um indivíduo conformado, um simples playboy.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Jovem cidadão de bem.

Olhar no espelho. Depilado? Já tô que nem o cara da capa da revista Men's health? Depilado! Pareço forte? Way Protein's e Monster pack's tomados, as mina pira! Cabelos arrumados? Pareço chique? Camisa polo, ok, calça jeans de marca, ok, escolher um dos meus 5 pares de tenis, hmmmm que dúvida, vou com o mais caro! Tenis? ok. Pareço que tenho condições de ser um macho alfa ou de fazer parte de algum grupo bem aceito na hight society? Pareço! (Deus me livre parecer um baiano!) Então partiu!
Pegar as chaves do carro. Papai comprou com muito esforço e trabalho (o que é mais valia?). Passar na casa dos brothers que vão deixar os carros ganhos na maioridade em casa.
The box, the edge, the chicken ou the fuck? Aquela lá, que o Jaiminho é sócio!
TO TIRAAANDO OOONDA DE CAMAARO AMAREEEELOOO
TCHE TCHE RERE TCHE TCHE TCHE TCHE TCHEEE
EEEU VOU PEGAR VOCÊ E TÃAE TÃE TÃAAE
TCHA TCHA TCHA, TCHA TCHA TCHA
LE LE LEE, LE LE LEE, SE EU TE PEGA VOCÊ VAI VEE!
agora uma romântica...
TE DEI O SOOOL TE DEI O MAAR PRA GANHAR SEU CORAÇÃAAO
vai começaar a putariiiiaaaaaaaa!
SE TEM DIREITO DE SENTAR, TEM DIREITO DE QUICAR, DE REBOLAR E DE FICAR CALADIINHA!
TIRAA FOTO NO ESPEELHO PRA BOTAA NO FACEBOOK!
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Entra no facebook, atualiza o status. "Muito loca a baladinha ontem!" Curte a página contra o machismo, contra os corruptos que roubam o nosso dinheiro, PT só tem bandido! Privataria Tucana? Nunca ouvi falar! Sou a favor da melhoria da educação no país. O governo não quer que a gente pense. Nem eu quero que pensamos, imagina? Perder meus privilégios? Tô fora!