quarta-feira, 27 de junho de 2018

Caro Neymar

Caro Neymar,
Gostaria de pedir encarecidamente uma coisa. Gostaria de pedir que o senhor jogue simples hoje. Jogar simples não é deixar de driblar, de fazer os rabiscos que vocês faz tão bem, jogar simples é parar de querer fazer mágica toda vez que você pega na bola. É parar de segurar a bola quando não precisa, quando o mais efetivo é fazer um "tá comigo, não tá mais", tabelar com o companheiro. Com certeza você apanhará bem menos do que você apanha. E sim, eu vejo que você apanha bastante. Não acho que seja simulação de falta, mas o problema é que você exagera demais. Se toma um puxão, age como se tivesse perdido o braço. Se toma um empurrão, age como se fosse atropelado. Tenta seguir a jogada, caralho, e se não der pra seguir, apenas pare, reclame da dor, mas não finja uma convulsão que não existe. Se sentir de novo vontade de chorar, chore mesmo, mas chore após o término do jogo. Não faça igual o Thiago Snif Snif Silva que chorou antes de bater o pênalti na última Copa. Se der vontade de falar palavrão, fale também, mas não seja burro de xingar na frente do juiz e correr o risco de tomar cartão. Pode falar palavrão em português, em espanhol, fale do jeito que você quiser, e se quiser misturar as línguas de novo e fazer poesia, pode também! Aliás, pode até xingar o arrombado do Casimiro quando ele errar passe, xinga mesmo. Só não leva cartão! Futebol não é igreja (se bem que...).
É só isso por hoje. Qualquer coisa eu te retorno depois.
VAAAI CARALHO!!!

sexta-feira, 22 de junho de 2018

O garoto morto no RJ e o futebol

Marcus Vinicius de Silva morreu ontem no Rio de Janeiro. O garoto de 14 anos morreu a noite, após levar um tiro, "bala perdida", de um carro blindado dos militares enquanto ia pra escola.
Marcus poderia ter visto a reviravolta no jogo de hoje da seleção brasileira, poderia estar curtindo o dia como muitos outros garotos da sua idade. Poderia estar assistindo Sérvia e Suiça agora, ansioso para o próximo jogo do Brasil. Poderia estar xingando o Neymar ou o defendendo, criticando os passes errados do Casimiro ou dizendo que o gol de Coutinho foi fácil, mas infelizmente não está.
O problema não é o futebol, que por entrarmos de cabeça nele não nos permitimos nos sensibilizar como deveríamos em um momento desses. Nós somos trabalhadores fodidos que vêem no futebol um meio de abstração de nossa desgraça diária. Um faísca de felicidade que nos é cada vez mais privada.
O problema não é o futebol, não é a Copa, nosso problema é a sociedade capitalista, é um Estado de merda que mata para garantir o lucro dos patrões e o status quo.
Em uma sociedade sem exploração e sem opressão ainda haverá futebol e Copas do Mundo. Digo mais, vai existir muito mais futebol, e esse futebol não vai ter dono! O que não vai existir é PM, burocrata e nem patrão.


sexta-feira, 15 de junho de 2018

Falsidade ideológica



Todos que já jogaram bola na rua são criminosos. Sim, criminosos mesmo, daqueles que infringem leis e que deveriam estar na prisão. Falo isso com tranquilidade. Eu, você, toda aquela molecada que já arrebentou o pé jogando bola no asfalto já infringimos as leis.
Pra começar. Quando a bola ultrapassou a linha imaginária entre os chinelos milimétricamente colocados, no momento do gol, que garoto nunca gritou um sonoro “RRRRRRRRRRRONALDIIINHO”? Ou mais recentemente um “Neeeeeeymar”. Meu crime era evocar Rodrigo Fabri. Temos aqui um caso claro de falsidade ideológica. Tão falsários quanto os goleiros que após as milagrosas defesas gritavam “SÃO MAAAAAARCOS”!
Há ainda casos mais graves, casos de corrupção. Sujeitos de caráter duvidoso sorrateiramente aumentam o gol do time adversário ou diminuem o tamanho de seu próprio gol. Corrupção ativa! E não mais leve são os casos de corrupção passiva, onde os bandidos tomam gols de propósito para sair do gol, sabendo que quando forem vazados outra pessoa toma seu lugar.
Geralmente há duas espécies de bandidos, os com camisa e os sem camisa, não havendo limite para o número de membros.
Um clássico dos crimes é o de abuso de autoridade. Geralmente os criminosos que se enquadram nessa infração utilizam-se de seu poder, da propriedade privada da bola, e argumentam um velho chavão para obterem vantagens, “a bola é minha”, afirmam eles. Assim, através de seus privilégios, buscam influenciar o andamento e as regras dos jogos. Esses aqui frequentemente são vítimas de bullying, o que acaba de certa maneira compensando o crime.
Outro crime muito presente nesse ambiente deplorável é o vandalismo. Os marginais, munidos de bola, depredam o patrimônio alheio, destruindo vidraças, janelas e jardins. É claro que a reação das vítimas, furando as bolas utilizadas nos crimes, é totalmente compreensível. Sem contar no uso de drogas, a perigosíssima sacarose que anda destruindo a família brasileira. Ela está presente nos refrigerantes (geralmente Simba, Dolly ou Taí) e é consumida em plena luz do dia.
Esses meliantes possuem leis próprias. Quando se aproxima algum pedestre o jogo para, da mesma maneira que param quando se aproxima um carro. Nenhuma de suas leis são registradas em cartório nem em constituições. Sua principal lei é denominada “pediu, parou” e ocorre quando algum deles se sente lesado por outro. Muitas vezes essa lei é questionada pelos demais, mas acaba sendo acatada, zelando pelo bom andamento da atividade.

Por volta das 6 da tarde eles somem das ruas adentrando em seus esconderijos, cumprindo as ordens emitidas pelas líderes da gangue. A hora do banho é sagrada. No dia seguinte tudo se repete impunemente.


domingo, 10 de junho de 2018

A Copa do Mundo é nossa

O futebol, camaradas, é de quem construiu os estádios. O futebol é de quem confeccionou as bolas e os uniformes. O futebol é de quem forjou as traves e dos que a cavucaram no gramado. É de quem cuida do gramado e passa o cal. É de quem cozinha as refeições do jogadores, de quem organiza suas roupas. O futebol é de quem constrói os carros e ônibus que utilizamos para ver os jogos, e até mesmo dos que fazem as televisões para assistirmos em casa. O futebol é do pipoqueiro e da moça da bilheteria.

Sabe de quem não é o futebol? Não é dos que não trabalham, aqueles que possuem as máquinas, os instrumentos de trabalho, as fábricas, os donos das transportadoras e das montadoras, esses que dependem de seus assalariados pra viverem pois não sabem fazer nada. O futebol também não é dos donos desses times milionários, tampouco dos acionistas da nike. O campo desses ai não é o campo de futebol, é o campo do Gulag Canavieiro.

"A copa do mundo é nossa", de todos os trabalhadores, e meu sonho, de criança, que era ser jogador de futebol e poder jogar uma final de copa, agora já adulto continua sendo esse, mas com um acréscimo.... fazer um gol na final da copa, levantar a camisa com a seguinte mensagem: PATRÃO É TUDO CUSÃO!

Ópio do povo é o caralho, futebol para os trabalhadores!


sexta-feira, 8 de junho de 2018

O Lula é culpado?

     É comum ouvirmos nas mais diversas rodas, desde o boteco da esquina até a sala dos professores, pessoas indignadas com Lula e sua "corja". Reproduzem um discurso raivoso, parecidos com o doentio Marco Antonio Villa. Pensam a política com o fígado e não com a cabeça.
     Aos olhos inocentes Lula é o maior ladrão do Brasil. Roubou o povo brasileiro e por isso merece apodrecer na prisão. Mensagens de zapzap e montagens no facebook reforçam a todo momento essa ideia. Eu poderia dizer que isso é uma velha tática, de que uma mentira repetida mil vezes acaba por virar uma verdade. Eu poderia, mas soaria como defesa ao Sapo Barbudo. Mas será que ele é mesmo Ladrão?
     Infelizmente, mesmo com as novas tecnologias, não desenvolvemos a capacidade da onipresença e nem da onisciência. Não podemos afirmar com certeza nada, correndo o risco de julgar um inocente ou inocentar um culpado. Geraldo Alckmin é corrupto? Eu não sei. Bolsonaro é corrupto? Eu não sei. Dilma é corrupta? Eu não sei. Ciro Gomes, Marina Silva, Juninho da Padaria? Eu não sei, eu não sei, eu não sei! Agora, políticos que usam do bordão "rouba mas faz", como Adhemar de Barros e Maluf o papo é outro.




     Se a maioria dos políticos não devem ser julgados por possíveis roubos que não temos a menor maneira de comprovar, que muitas vezes são repetições que mais se parecem crianças brincando de telefone sem fio, temos total capacidade de julgá-los por ações concretas. Se a Dilma roubou eu não sei, mas fez suas reformas da previdência e assinou a Lei Anti-terrorismo, criminalizando movimentos sociais. Se Alckmin roubou eu também não sei, mas sei que ele é responsável pelo desmonte das 3 universidade públicas paulistas, por descer a porrada nos professores e por sucatear as escolas estaduais. Bolsonaro é um verme de pessoa por ser racista, machista, elitista e homofóbico, mas eu não faço a menor ideia se ele rouba ou não - não temos provas disso.
     Então vamos a pergunta central: Lula é culpado? E eu te pergunto, de quê? Da corrupção? Não faço a menor ideia, e você também não. Se não podemos afirmar isso, outras coisas podemos. Lula e o PT tem muita responsabilidade no apassivamento da classe trabalhadora. O ciclo petista deseducou os trabalhadores, disse à eles que ficassem quietinhos e trabalhando bastante enquanto os líderes do partido ocupavam as cadeiras do Estado e faziam por eles, nisso o Lula é culpado. Lula e o PT ensinaram os trabalhadores a terceirizarem suas lutas. A pessoa que disse que os banqueiros nunca ganharam tanto dinheiro como em seu governo e que disse também que precisou um torneiro mecânico chegar a presidência pra fazer o capitalismo funcionar no Brasil, tem culpa. Lula tem responsabilidade quanto ao sindicalismo pelego presente hoje em dia. Ele é produto de um sindicalismo atrelado ao Estado, se opondo à um sindicalismo livre, dos trabalhadores. Até os próprios cutistas/petistas são capazes de fazer inúmeras críticas a corrente sindical do Lula.
    Vamos acusá-lo pelo que ele fez, e não pelo que achamos que ele fez. Quanto mais fugimos dos fatos e nos aproximamos dos achismos, chegamos mais perto da loucura. Eu achar que uma árvore caiu na Nova Zelândia não significa que de fato uma árvore tenha caído lá. Nem mesmo vídeos e correntes de zap zap garantem isso, o vídeo pode ser de uma árvore parecida no Nepal.
     Se você não enviar esse texto para 3 pessoas o Suplicy aparecerá na porta da sua casa falando sobre o Renda Mínima e cantando Bob Dylan.