segunda-feira, 22 de maio de 2017

A burguesia está em crise, e nós?

Os últimos episódios da política brasileira nos mostra a relação pornográfica entre empresariado e políticos. Não que essa relação seja nova, longe disso. Em 1848 Marx e Engels já falavam sobre. Mas os elementos que comprovam que o Estado nada mais é do que um balcão de negócios comum à toda burguesia agora estão escrachados. Mas porque?
Estão escrachados porque a Globo e seus pares estão fazendo questão de nos mostrar isso diariamente, de hora em hora. Mas fazem isso porque tem compromisso com o bom jornalismo? Jamais! Fazem isso pois estão rachados. A burguesia rachou. E não é apenas a Globo que rachou com algum setor, a Globo é poderosa mas sozinha não apita nada. A Globo descer a lenha em Aécio por 1h no jornal nacional e limarem Temer é expressão de que seus amiguinhos/financiadores estão pedindo cabeças. Pedem cabeças pois quem está no poder não lhe interessa mais, Temer já não estava apto a promover as reformas que tanto necessitam. Mesmo sendo um tradicional representante dos interesses burgueses, diferente dos recém capacitados do PT, Temer e Aécio por algum motivo precisaram rodar.
As veias do Estado estão abertas. Sua essência burguesa nunca esteve tão explícita quanto agora. E nesse quadro nossa classe tem algumas possibilidades. 1- Podemos ficar no "Fora Temer", e deixar que Maia, Eunício Oliveira, ou até mesmo que Carmen Lucia, que já está mancomunada com os patrões, cheguem na presidência. 2- Podemos também reivindicar o "diretas já" e continuar acreditando no messianismo, no salvador da pátria e nos iludir com Lulão pai dos pobres e mãe dos ricos, deixar aventureiros como Huck e o playboy do Dória galgarem algo, deixar como alternativa LuluLacradora ou FechoFreixoPPP , delírio, ou, ou, ou, OU... 3- podemos utilizar desse momento de racha da burguesia e mostrar os dentes, ir pra cima. Porque não ir além da Greve Geral do dia 28 de maio e paralisar agora por 48h? Parando a produção, transporte e circulação de mercadorias é que pressionaremos de fato os que estão no poder, os capitalistas. Paralisando mexeremos em seus bolsos, em seu lucro. O poder não está em Brasília. Em Brasília estão apenas os fantoches dos poderosos, e além disso, devemos ir pra Brasília pra que? Pra dizermos que estamos descontentes? Como se eles não soubessem disso, não são burros, e ainda são muitíssimo organizados.
E assim, "diretas já", "fora Temer", "constituinte", são em vão. É pedir mais do mesmo e acreditar que o máximo que está em nosso alcance se encontra nos limites da democracia-burguesa. Temer não nos interessa, assim como qualquer um que assuma a presidência do Estado burguês, nem que fosse Rosa Luxemburgo, e olha que a Rosa é muito boa! Não existe exército de um homem só, nem de uma mulher só, nosso exército é nossa classe e só essa se colocando em movimento é que deixaremos de perder direitos, deixaremos de sermos explorados e tomaremos o céu de assalto!
Temos que tomar cuidado com a esquerda que ergue o punho cerrado com uma mão e entrega o santinho com outra. Nada de cair no canto da sereia que são as eleições, e nem de nos iludirmos com o judiciário. Esse é o campo da burguesia e só dela. Devemos levar em frente as mobilizações de base! Nos organizando nos locais de trabalho, estudo e moradia para fazer luta, e não candidatos!
"Nem patrão, nem eleição, nossos direitos virão por nossas mãos!"

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Desonestidade intelectual

Reconhecer que Lula e o PT fizeram parte da história do movimento operário é ser sincero. O Partido dos Trabalhadores foi um instrumento de luta da classe trabalhadora. Reconhecer o seu papel na história de nossa classe é ser justo, e desconsiderá-lo beira a desonestidade intelectual.
Ter sido um dia não quer dizer que será para sempre. Foi, não é mais.
Reconhecer que essa organização que nasceu com a classe operária, virou o seu contrário e mudou de lado na luta de classes, também é ser sincero. Desconsiderar tal processo beira a desonestidade intelectual.
Essa mudança pode ser dolorosa, como o término de um relacionamento. Mas pior que terminar um relacionamento, é se manter por décadas em um relacionamento fracassado.
*Escolher um lado na luta de classes não é nem de longe escolher entre Lula e Moro!

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Contradições

O bancário, que mexe com dinheiro o dia todo, não tem dinheiro.
O açougueiro não compra carne a meses, sua mistura é ovo.
O metalúrgico que constrói fogões parcelou o seu em 12 vezes.
A professora da escola pública coloca seu filho pra estudar em escola particular.
A empregada doméstica trabalhava cuidando do filho dos patrões, enquanto sua filha ficava com a vizinha.
Contradições, contradições...