quarta-feira, 17 de julho de 2013

Um nordestino, uma sapata e o golpe comunista

"Quando João fala de Pedro, eu conheço mais de João do que de Pedro."

Não faço idéia de onde tirei essa frase, mas acho que ela cabe muito as pessoas que criticam o PT, Lula, Dilma, entre outras.

Penso que cabem inúmeras críticas a esses, inúuuuumeras, mas quando vejo as críticas partindo dos Jabourzinhos da vida, vejo críticas baseadas no inconformismo de um ex-metalúrgico ter assumido a presidência, um cara sem estudo e pobre estar em um cargo com tal importância. E ainda pior, esse nordestino pobre surgiu da esquerda! Comunista, sapo barbudo!
Dilma, essa vaca... a nossa classe média não se conforma com uma militante contra a ditadura civil-militar ter chegado à presidência, e ainda por cima uma mulher, que deveria estar servindo seu maridinho! Ou o que incomoda é o fato dela talvez servir a mulherzinha dela? Credo, uma sapata na presidência!
PT?? Aaaa, os petralhas, mensaleiros, golpe comunista! Esse ódio incondicional ao PT deveria ser melhor estudado pela psicanálise. Críticas baseadas na intolerância contra as bases do partido, que são sindicatos de trabalhadores, diversos movimentos sociais, pessoas das periferias. Uma intolerância que me parece mais ligada à classe socioeconômica do que ao posicionamento político.

Os três citados acimas possuem diversos feitos dignos de uma cornetada monstra. Parcerias com bancada religiosa, ruralista, grandes empresários, abandono de suas bases e dos ideais que sempre os caracterizaram e sua política conciliadora. O PT é o primeiro partido no Brasil que conseguiu agradar gregos e troianos. Mesmo sendo ideologicamente impossível, por serem interesses antagônicos...

Antes de criticar, pense no porque você está criticando algo ou alguém. As vezes diz mais sobre você e seus preconceitos do que sobre quem você está se referindo... seu idiota (no sentido etimológico da palavra)!

E pra quem leu isso e pensa que eu estou defendendo o PT, leia de novo até entender!

terça-feira, 9 de julho de 2013

Polícia pra que?

   Desigualdade social está diretamente ligada à violência. Quanto maior a desigualdade, maior a violência. Quanto menores forem as condições de acesso à direitos mínimos dos seres humanos (alimentação, transporte, saúde, educação, entre outros) maior é o índice de violência na região. Logo, quanto melhor a qualidade de vida dos indivíduos, menos suscetíveis estarão à criminalidade. Não é uma regra, é uma constatação. Até onde eu saiba o PCC não tem corpo forte em bairros elitizados e sim nas periferias. Periferias que são esquecidas pelas políticas públicas. E sabendo disso, não há nada mais contraditório em relação à segurança pública do que investir na força policial para prevenir a violência.

   A desigualdade social beneficia uma minoria em detrimento de uma maioria. Se existe alguns com tanto, é porque existem outros com muito pouco. Os de baixo fundamentam sua existência nos endinheirados. Por trás de todo rico existem inúmeros explorados. Seja a faxineira que limpa a casa, o motorista que o transporta, o assistente de pedreiro que construiu sua mansão, os bolivianos que costuram suas roupas, os tailandeses que produzem seu tênis, etc. Uma elitezinha possui imensos privilégios, sustentados pela falta de direitos básicos da maioria.

Garantir a desigualdade social é o papel do Estado. Não o Estado de São Paulo, o Estado de Minas Gerais. Esses Estados delimitados por uma linha imaginária são apenas parte do Estado. O Estado como um órgão subjetivo também engloba as escolas, os partidos, a burocracia, a família, a igreja, etc. E é função desse Estado garantir as diferenças entre as classes. O Estado existe para garantir o poder político, econômico e social das elites. Não é coincidência que as escolas, hospitais e locais de lazer públicos são predominantemente precarizados e os locais privados possuem condições adequadas. Alguns merecem, outros não. Merece quem tem dinheiro.

   A polícia é legitimada na nossa sociedade pelo seu combate a violência, combate ao crime. Mas é contraditório a polícia combater a violência, quando essa violência é promovida pelo Estado. O mesmo que cria, combate? Seria como seu pulmão combater seus rins. Ambos são parte de um mesmo organismo, não faz sentido. A polícia é de fato legitimada pela desinformação.

   A polícia que é legitimada pelo povo quando “combate” a criminalidade, é a mesma polícia que reprime qualquer manifestação que tenha combatividade contra a lógica perversa de nossa sociedade. Qualquer pessoa que tenha um mínimo de noção do que são os movimentos sociais sabe como a polícia age em relação à eles. Os movimentos sociais que são veementemente reprimidos são aqueles que se opõem as ideologias do Estado, que lutam por justiça social e vão de encontro com os privilégios de uma elite.

   Policiais se esquecem que são trabalhadores precarizados, recebendo uma miséria para arriscar sua vida, pela manutenção desse sistema que os explora. São cães de guarda do Estado. Cachorrinhos que existem em função da burguesia. Cachorrinhos que fazem carinho no dono para comer migalhas. Comer migalhas juntos aos que eles mordem.


http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/07/1308522-pm-vai-comprar-caminhoes-com-canhoes-de-agua-para-dispersar-multidoes.shtml


segunda-feira, 1 de julho de 2013

Porque sou contra utilizarem a bandeira do Brasil nas manifestações?


Porque sou contra utilizarem a bandeira do Brasil nas manifestações?

   Porque eu não sou só brasileiro! Quando no Chile estudantes se voltam contra as políticas educacionais do governo, eu também sou chileno! Quando na Grécia manifestantes se voltam contra as medidas de austeridade, eu também quebro pratos, sou grego! Quando argentinos pixam suas inquietações políticas nas ruas, se expressando e indo de encontro com a moral conservadora, eu sou argentino! Quando venezuelanos saem as ruas contra um golpe armado pelos Estados Unidos, eu sou da Venezuela! Quando um palestino se manifesta contra a violência israelense, eu sou palestino!

   Nao é uma linha imaginária, que aprendemos nas escolas que vai dizer quem eu sou e por quem devo lutar. A luta é uma só. Esqueçamos os mapas! Esse nacionalismo/patriotismo/ufanismo é muito perigoso. Diversos desrespeitos aos direitos humanos foram feitos em nome da supremacia de algum coletivo. Diversas ditaduras se apoiam nessa paixão cega e promovem sucessivas chacinas!

   A mesma bandeira verde, amarela, azul e branca que dizem que representa a todos nós dizimou os índios, escravizou e continua a massacrar os negros! Não se deixe levar por uma seleção de futebol ou pelas cores que o Galvão Bueno e o Pelé dizem que voce tem que defender! Eu não defendo países, eu defendo os seres humanos. Ser brasileiro não me faz melhor do que um vietnamita, e sendo assim, desfilar com sua bandeira ou é vazio ou quer representar superioridade.
Eu não tenho que amar ou deixar lugar nenhum!

E por falar em lugar nenhum...

"não sou brasileiro
não sou estrangeiro
não sou de nenhum lugar
sou de lugar nenhum
não sou de São Paulo, não sou japonês
não sou carioca, não sou português
não sou de Brasília, não sou do Brasil
nenhuma pátria me pariu!"