sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Deus

Algumas vezes eu tentei conversar com esse que dizem que fez tudo e todos. Tentei até ligar, mas ele não me atendeu. Fui convidado pelos seus amigos pra ir na casa dele, e fui. Entrei e vi fotos, imagens dele, todos falando seu nome, mas não o encontrei. As pessoas dizem por ai que ele acatou alguns chamados. Uns chamados mais mesquinhos, outros mais nobres, mas a cara mesmo ele nunca mostrou. Enquanto ele não aparece pra mim e nem pra muitos outros que enfrentam um pesado dia-dia de trabalho, de miséria e sofrimento, deixa esse Deus no lugar dele. Não sei por onde ele anda enquanto as crianças são assassinadas pela PM no Rio de Janeiro ou quando indígenas são assassinados por pistoleiros a mando de latifundiários. Será que ele só se preocupa em dar carro pra ricos, e ainda faz questão de esfregar isso em nossa cara com seus adesivos no vidro de trás? Se esse cara existe mesmo ele é um cusão!
Deve estar ocupado fazendo tricô ou trocando fofocas com o diabo. Melhor assim, ele lá e nós cá. Que sejamos nós por nós mesmos. Na hora do vamo ver esse Deus todo poderoso , que não atende as preces, que não faz nada por nós, vai ter o que merece. Assim como os amores platônicos, desaparece.

Canindé

Nunca fui ao Maracanã e nunca assisti jogos no Mineirão.
A única "arena" que conheci foi a do Atlético-PR e é como ir a um shopping de burguês. É bonito, mas não é o meu lugar.
O Morumbi tem fuso horário entre a arquibancada e o campo, de tão distante que um é do outro.
O Pacaembu tem o seu charme, mas não chega aos pés do Canindé.
Ahhh, o Canindé. Pergunte até para os palmeirenses que por algum tempo tiveram de frequentar o estádio.
Não tem luxo. O que tem é alambrado, tem proximidade - você xinga e o juiz escuta - e ao mesmo tempo tem tamanho.
As duas torres de refletores dão uma atmosfera especial, com sua meia cobertura, um meio anel superior.
Nenhuma cadeira almofadada jamais chegará aos pés do Canindé.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Como pretendo morrer

Pensar em como se pretende morrer
não é coisa de depressivo,  
nem de suicida em potencial
como não pensar em curtir esse momento único
talvez até especial

Não quero ter uma morte estúpida 
Fazendo alguma coisa banal 
a não ser que seja em uma corrida
Como meu amigo Jamal 

Deus me livre morrer por bebedeira 
Ou decapitado por uma linha com cerol 
Prefiro morrer na trincheira 
Ou por que não, jogando futebol?


sábado, 23 de novembro de 2019

Oração

Chegou a noite, então, terminemos nosso dia com uma oração!
Deus, obrigado por fazer com que pelas mãos do Presidente Bolsonaro eu possa trabalhar aos domingos, a economia precisava disso.
Obrigado também por diminuir o valor de minha aposentadoria e por aumentar os anos que terei que trabalhar, sei que você tem bons motivos pra isso.
Eu não tenho palavras pra agradecer por você descaracterizar o acidente de percurso como acidente de trabalho. Era só privilégio, né?! Ah, e você ter taxado os desempregados, agradeço por essa benção!
E pra terminar, o excludente de ilicitude é a luz que ilumina mina vida. A PM vai poder ter licença pra matar, mas cá entre nós, sabemos que ela já faz isso... enfim.
É isso, muito obrigado por tudo.
Deus acima de tudo, Brasil acima de todos, e vice versa.
Amém. Boa noite.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

O tamanho do sonho

Essa noite eu tive um sonho
Que uns zóio gordo chamam de utopia
Tão utopia quanto chegar a lua foi um dia
Esse sonho era tão grande que não cabia em uma palavra
Nem em uma frase
Talvez em um poema
O sonho não cabia em caixa nenhuma
Nem caixote
Nem caixão
Nem caixa de sapato
Nem urna de cremação
Em urna de voto também não cabia
Não cabe na tara quase sexual
Que eles tem por democracia
Antes de mim
Outros tiveram esse sonho
Depois de mim
Outros ainda sonharão
Não é sonho idealista
Não e coisa de lunático
Muito menos de universidades
É concreto e material
De mil possibilidades
Nossos sonhos não tem freios
É como uma carreta desenfreada
Mas que não vai ladeira abaixo
Vai subida acima
Carregada, lotada
Ninguém para
Infelizmente nosso sonho será pesadelos para uns
Desde os que nasceram em berço de ouro
Até o ilustre operário de Garanhuns
Só que não sou eu quem dirijo a carreta
Mesmo o sonho sendo meu
e isso está longe de ser um impasse
Imparável rumo ao céu
Quem está na direção é minha classe
Esse sonho se transforma
E não sonho mais dormindo
Na carreta que ganha altura
Não é rebite que me mantém despertado
No cotidiano de labuta
É o sonho que me mantém acordado

O ventilador

As vezes barulhentos
As vezes silenciosos
Uns mais simples
Outros luxuosos

Se estiver ligado
Pode até ser perigoso
Vai que arranca o dedo
De um menino teimoso

Quantas coisas já viu
Quantas ainda verá
Visões inimagináveis
Que só ele saberá

Deve ser ruim não poder ventilar ao avesso
Retirando os inquilinos que não pagam aluguel
Ou será que não se importa com a poeira montada nele
Não se importa de ser um hotel?

Vai prum lado
Vai pro outro
Roda, roda, roda
Sempre assoprando
Sem sair do lugar
Divagando

Ah, se não fosse o ventilador
Frente a tantas desgraças da vida
Quem nos traria um lampejo de frescor?

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Caro, esquerdista

Estudar história não é só estudar o que nos convém, o que nos é palatável. É descobrir que quem matou Rosa Luxemburgo no processo da revolução alemã foi a esquerdalha reformista, social-democrata. É saber que a revolução cubana não aconteceu com 4 mártires barbudos e super-heróis, mas com o apoio de inúmeros camponeses que construíram e sustentaram a revolução. É ver que por mais bem intensionado que fosse Salvador Allende, o socialismo democrático/institucionalizado foi e será esmagado pela burguesia nacional e internacional se não for revolucionário.
Construa a narrativa que quiser, os acontecimentos históricos ainda estarão lá e ignorá-los é mostra do posicionamento político de vocês.

A próxima vez que você, caro esquerdista, ler o Manifesto do Partido Comunista, não ignore o trecho "o Estado moderno nada mais é do que o balcão de negócios comum a toda burguesia". Talvez isso evite umas merdas, uns golpes e pá.

domingo, 10 de novembro de 2019

João-sem-braço

Lula está discursando criticando o fato dos 200 brasileiros mais ricos terem mais da metade da riqueza produzida no país. Mas a gente não esquece que foi o mesmo Lula que se gabou em dizer "os bancos nunca ganharam tanto dinheiro como no meu governo".
João-sem-braço virou agora Luis-sem-dedo

domingo, 3 de novembro de 2019

VEM PRA RUA

Quando era pequeno lembro de ir com meu pai a comícios da Erundina, Lula e Marta. Quando entrei na faculdade, em 2010, lembro de ter participado das movimentações da greve dos funcionários por isonomia salarial (Usp, Unesp e Unicamp). Em 2011 participei do piquete na faculdade contra a presença da PM no campus. Em 2013 dormi quase 2 meses na faculdade durante a greve e ocupação que entre outras demandas visava não passar o pimesp e por permanência estudantil.
Agora vem um cabaço que jogou playstation a vida inteira me dizer "vem pra rua!!"

16/03/2105

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O professor

Eu sou aquele que ensina, sou o pedagogo
aquele que rima fácil com a palavra demagogo
aquele que não se vê enquanto trabalhador
que não nota que o faxineiro sente a mesma dor
digo por ai que formo o sujeito crítico
repito como um papagaio como se fosse fosse verídico
mas o excelente formador é incapaz de responder
ao assédio da diretoria que sempre vem a receber
não consegue sair da rotina sacal
e ir na assembleia que decide seu reajuste salarial
vai continuar recebendo uma esmola
e repetindo suas mentiras de papagaio na gaiola
ou vai descer do pedestal
ou morre de fome achando que é o tal

domingo, 22 de setembro de 2019

De que servem as trincheiras? 3

São as trincheiras um passeio no parque?
Tranquilo e sereno?
Ou uma mamadeira quentinha de bebê?
Aconchegante e segura?
Nem passeio e nem tetê
trincheira é conflito
é guerra
é tiro, porrada e bomba
espinhos e areia no rabo
é potencializar o ataque ao inimigo
se proteger pra continuar atacando
Mas
e se
contudo
porém
na remota possibilidade de
dar as mãos ao inimigo em nome do conforto
vale a pena manter as trincheiras?

Agatha Vitoria

Quem matou a menina Agatha
também matou Marielle
sumiu com o Amarildo
arrastou a Cláudia no camburão
e suicidou o Herzog
Bate em trabalhador grevista
despeja sem teto
rouba camelô
e forja flagrante
Não vem achando que o Proerd vai passar pano pra vocês e lavar o sangue que vocês têm nas mãos.
Esse mundo gira e vocês ainda vão pagar pelo que fazem.

sábado, 14 de setembro de 2019

Anestesia

Nos dão tapas na cara
estamos sedados
viramos a outra face
para não cometer o pecado
Inertes como côco a deriva
ao bel prazer da sorte
mas com a sorte parece melhor não contar
ela tem nos levado mais e mais perto da morte
Parecemos zumbi
não aquele de Palmares
que resiste
mas o mortovivo
que não existe
mortovivo em vida
não sentimos, não falamos
não reagimos
só ouvimos e acatamos
consentimos
Para as crianças ritalina
para os adultos rivotril
a grande anestesia
da pátria amada Brasil

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Anatomia

Em minhas mãos, Canudos
Em meus pés, Cabanagem
Me alimentei por nove meses de gestação por um Quilombo que hoje é cicatriz
As greves de professores combatem vírus e bactérias estranhas
A Balaiada é quem filtra meu sangue
Meu sangue é vermelho e vermelho sempre será
Ele é distribuído por todo meu corpo através de uma bomba, a luta contra a ditadura
Embaixo dessa bomba, duas revoluções absorvem o oxigênio: a cubana e a bolchevique
O oxigênio entra ali pela Comuna de Paris, é por ela que também sinto cheiros!
Bem perto tem minha boca, cheia de Malês que me ajudam na mastigação
Os Sem Terra e os Sem Teto possibilitam minha audição
Na minha mente a classe trabalhadora, é com ela que penso
Minha história é minha realidade
É isso que sou e esse é meu corpo
Um corpo que não foge da luta

sábado, 17 de agosto de 2019

Mão de obra

Meu peito aperta
não é a emoção da novela
é a agonia
Minha mente ferve
não como na loucura da festa
mas o fervor de quem teme o futuro
Meus joelhos doem,
assim como meus ombros
e todas articulações
Mas eles não se importam
para eles eu não penso
e nem sinto
sou só mão
mão-de-obra

Qualquer dia ainda enfio minha mão-de-obra
bem no meio da cara deles

domingo, 21 de julho de 2019

Domingo é dia de futebol amador

Domingo é dia de várzea, terrão, amador. É lá que arrebentamos o dedo, perdemos unha, o nariz sangra e as costas doem. Tudo isso pra não ganhar absolutamente nada, financeiramente falando, muitas vezes ainda temos que pagar gasolina e arbitragem.
Se os jovens curtem a sexta feira pra começar as noitadas, pra quem joga futebol amador domingo é a nossa sexta. É dia de quem trabalha em indústria, escola, na rua, desempregados e tantos outros trabalhadores virarem atletas.
Domingo é o dia em que os adultos voltam a ser crianças e encarnam seus ídolos do passado e do presente. É acordar mancando no dia seguinte com cara de dor mas com a alma plena do futebol jogado!
O capital nos afasta dos estádios, cobrando ingressos com valores absurdos, nunca vai conseguir acabar com o futebol amador.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Animais

Um cavalo que puxa carroça recebe de seu dono o suficiente para acordar no dia seguinte e poder puxar a carroça novamente. Se o dono não der água e nem capim ele não vai ter quem puxe a carroça pra ele. A mesma coisa com as galinhas. Se não receberem milho suficiente pra poder continuar botando seus ovos dia após dia, byebye ovos. O bicho da seda se não tiver as folhas pra comer acontece a mesma coisa, não tem seda.
Agora você, caro trabalhador, é capaz de trabalhar por um chumaço de capim, mesmo que esse capim não te traga nutrientes pra levantar no dia seguinte. Trabalha mesmo sabendo que se ficar doente não haverá hospital e mesmo sabendo que seu patrão patrocina a falência da escola pública dos seus filhos. Se colocarem a 10 reais o preço do busão, você vai a pé trabalhar, descalço se precisar.
Os trabalhadores são tratados não em condições de animais, pior, pois não recebem nem o suficiente para se manterem vivos. A diferença entre os humanos e os outros animais é que os humanos aceitam.
Se piorar, a gente aguenta?

quinta-feira, 4 de julho de 2019

Copistas



O professor pede para o aluno copiar cabeçalho, copiar números, copiar palavras, copiar a lousa inteira...

Copiou errado? Copia de novo!

 E depois quer reclamar que os alunos são copistas?

terça-feira, 11 de junho de 2019

O silêncio

O silêncio se dá na noite
na calmaria da espera
o silêncio se dá na angústia
ou na solidão da estratosfera.

Não necessariamente é coisa ruim
pode significar tranquilidade
pode ser que para alguns
seja um lapso de humildade.

Mas tem o silêncio doído
Uma dor que não é da saudade
nem da pessoa querida
é o silêncio da passividade.

Não é uma passividade indolor
é dos que sentem e não reagem
nem ao menos conseguem se mexer
mesmo inacreditavelmente
estando prestes a se foder.

É a vaquinha que vai ao abate
anda em sua caminhada letárgica
mas se sente confortável rodeada por outras

Escutam ao fundo uma vaquinha dizer "múuu"
uma outra a responde
algumas  pensam que a faladora está doente
e o silêncio em segundos se faz presente novamente.

terça-feira, 4 de junho de 2019

Se o Barcelona bater em minha porta...

Quando meu irmão largou o futebol algumas pessoas o perguntavam se ele voltaria a jogar. Ele respondia que se um dia alguém do Barcelona batesse na porta de casa ele iria sem problema algum.
Algumas organizações agem como meu irmão, esperam a classe trabalhadora bater à sua porta pra fazer mobilização. Outros esperam até a classe trabalhadora bater pra fazer revolução. Vão morrer esperando.
Se as organizações não forem até os trabalhadores e construírem a Greve Geral, sinto muito, mas nessas condições não haverá Greve Geral. Não existe raio em céu azul.
Ou vamos as nossas bases, ao estilo "todo artista tem de estar onde o povo está", ou veremos o bonde da história nos atropelar.
Ou construiremos a greve geral ou ficaremos em casa esperando o Barcelona bater à nossa porta.
Obs: O Barcelona até hoje, 11 anos depois, nunca o procurou.

sábado, 1 de junho de 2019

Diabo sedutor

Quando se fazem absurdos em nome de deus
o diabo já não parece tão assustador
Quando o açoite é aceito em nome do bem
passamos a enxergar o mal com outros olhos
Se os abutres saem em busca de carniça bradando a democracia
é hora de repensamos não só nossas palavras
mas nossas ações

sexta-feira, 17 de maio de 2019

O imperador e o professor

No japão o único profissional que não precisa se curvar diante do imperador é professFOOOODA-SE, se não tiver pedreiro o imperador não mora em lugar nenhum, se não tiver trabalhador rural o imperador não come, se não tiver trabalhador na cerâmica o imperador não caga na bela privada dele, o lixo do imperador não deve ter lavado um prato uma vez na vida,  ele que morra de tifo!

domingo, 5 de maio de 2019

Indestrutíveis

Os poderosos de outrora foram guilhotinados. Outros foram pendurados de ponta cabeça em praça pública. Todos são indestrutíveis até tomar um balaço na testa.

a paz do cemitério

Tudo muito tranquilo
Tudo muito pacato
Acordar, tomar café pra dar coragem de ir trabalhar
Esperar o dia passar e no dia seguinte fazer tudo igual
De novo
De novo
E de novo
Sem motivo, sem tesão
Apenas contas a pagar
Um silêncio paira em nosso cotidiano.
Ou tudo vai maravilhosamente bem
ou vivemos a paz do cemitério,
o silêncio dos mortos.

domingo, 14 de abril de 2019

A trincheira II

De que servem as trincheiras?
São um instrumento de guerra.
As trincheiras nos possibilitam esconder dos inimigos para melhor os atacar.

As trincheiras não são confortáveis.
Tem espinhos, cercas, areia até no rabo.
A trincheira não é um passeio no parque.

Faz sentido aliar-se ao inimigo para garantir as trincheiras?

Trincheiras

Qual a função das trincheiras? A função das trincheiras é proporcionar proteção enquanto se ataca os inimigos. O inimigo está do outro lado e a trincheira é um instrumento de batalha. Se a trincheira é para potencializar o ataque ao inimigo, é impensável se aliar ao inimigo apenas para manter a trincheira, não faz sentido.
Se a trincheira dos trabalhadores são os partidos e sindicatos, e o inimigo dos trabalhadores são os patrões, faz sentido se aliar aos inimigos para manter as trincheiras?

terça-feira, 2 de abril de 2019

Antonio e o dinossauro

- Professor, olha meu desenho
- Que bonito, Antonio! É um dinossauro?
- Não, é minha mãe...
(Silêncio)

sábado, 9 de março de 2019

A social-democracia e os símbolos

A social-democracia - que no Brasil se autointitula de "campo democrático e popular"- é uma coisa engraçada. Ela reivindica diversas figuras de revolucionários como Marx e Lenin, adora utilizar adereços com o rosto de Che Guevara, comumente se utiliza da cor vermelha que representa a luta dos trabalhadores, mas ela é potencialmente reacionária. Não é loucura imaginar que em um momento de acensão das lutas dos trabalhadores algumas da atuais personalidade da social-democracia se colocariam contrárias a essas lutas.


Globo esquerdista

Boa noite, telespectadores! Aqui quem vos fala é a Rede Globo, aquela do plim plim que você assiste frequentemente, seja nas novelas, seja nos jornais, ou pelo menos no futebolzinho de quarta a noite, aquela que anda lacrando a beça por ai e lutando contra as opressões. Tenho um recado pra vocês!

Queria lembrar vocês que no dia 25 de janeiro de 1984, enquanto na Praça da Sé mais de 200 mil pessoas protestavam pela eleições diretas para presidente, eu distorci a notícia em meu jornal dizendo que essas pessoas estavam lá não pelas "diretas já" e sim comemorando o aniversário de São Paulo. Queria lembrar também que nas eleições de 1989, no segundo turno entre Collor e Lula, eu editei o debate entre eles dando um foco muito maior para o Collor, manipulando a opinião pública sobre os candidatos, influenciando na eleição que estava acirradíssima - a família Marinho ter relações pessoais com Collor era mero detalhe.

Ahh, e antes que eu me esqueça, eu apoiei a ditadura militar, e se hoje eu sou a principal emissora de televisão brasileira é graças à Ditadura que eu tanto bajulei.

Tenho falado muito mal do Bolsonaro, aquele tosco que me chama de inimiga, mas consigo engolir nossas divergências em prol da reforma da previdência, já que eu sou uma das grandes devedoras do sistema previdenciário.

Queria pedir à vocês que parem de me chamar de esquerdista, respeitem a minha história. Eu não critico as greves e qualquer mobilização de trabalhadores à tempos a toa.

Boa noite.



Ass: Grupo Globo

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Nem aposentadoria e nem bicicleta

Uns anos atrás precisei trabalhar em uma indústria, na linha de produção, coisa que nunca imaginei fazer. Lá conheci uma realidade muito louca, a realidade do trabalhador comum, como é a maior parte da população brasileira. Trabalhar de segunda a sábado igual um camelo pra ganhar 1200 conto. Lá conheci uma porrada de trabalhador com doenças adquiridas por conta do trabalho extremamente repetitivo. Pessoas com 2 meses de serviço já sentindo dores nas mãos por causa do esforço repetitivo até gente com anos de casa que perdeu os movimentos. Me lembro de uma senhora chamada Vera que parecia ter pouco mais de 50 anos e que me disse que gostava muito de ir trabalhar de bicicleta mas que não podia mais. Quando questionei, ela me respondeu que não andava mais de bicicleta pois não tinha mais força nas mãos pra apertar os freios, por conta da lesão adquirida no trabalho.
Assim como ela tem mais gente, milhares, milhões. A lesão dela é o lucro dos empresários donos das fábricas. Exploradores que a mídia vende como sendo gente de "sucesso".
Da mesma maneira que a Vera, uma porrada de trabalhadores lesionados terão que trabalhar até os 62, 65 anos para poderem enfim descansar. A quem interessa a reforma da previdência?
Vera ficou sem bicicleta e vai ficar sem aposentadoria.

Menos com menos dá mais?

Eu tive um professor de matemática que contou em uma aula que teve dificuldade na sua época de escola em entender a questão do "mais com mais dá mais, menos com menos dá menos".
Ele disse que só entendeu a ideia do negócio quando um professor dele explicou que era da seguinte maneira: o amigo do meu amigo é meu amigo; o inimigo do meu amigo é meu inimigo, e inimigo do meu inimigo vira amigo.
O problema é que se a gente começa a trocar por umas pecinhas tipo, a Globo é inimiga do Bolsonaro então a Globo é minha amiga o negócio não dá certo. O Bolsonaro e a família Marinho tem mais é que apodrecerem juntinhos e abraçados.
Os dois brigam e dão piti, falam um do outro, mas tão defendendo a reforma da previdência do mesmo jeito.

Reformas da previdência

O governo do PT foi aceito pela burguesia brasileira pois era o único capaz de amansar os anseios da classe trabalhadora e dialogar com os patrões. Caiu porque perdeu o controle das manifestações em massa desde 2013 e não conseguia implementar as reformas que o patronato necessitava.
O governo Temer veio pra descer o sarrafo, mas conseguiu em partes. Passou a reforma trabalhista e terceirização irrestrita mas não conseguiu passar a reforma da previdência. Por isso foi escrachado por todos na reta final -inclusive pela burguesia e sua caixa de som que é a mídia. Não conseguiu terminar de descer o sarrafo nos trabalhadores.
O Bolsonaro que não era a primeira opção da burguesia nas eleições acabou sendo "o que tinha pra hoje". E eles não titubearam em bajulá-lo ao ver que Alckmin não embalou. Sua missão? Terminar de implementar a reforma que os patrões tanto querem, fazendo os trabalhadores trabalharem por mais tempo para aumentarem seus lucros.
Essa é a missão do Bolsonaro, colocar a reforma da previdência na nossa guela. Depois disso talvez nem os patrões o sustentem mais no governo, pois já será missão cumprida.
E a nossa missão, qual é? Tocar o terror e não aceitar que trabalhemos bovinamente até a morte e nem deixar que resistência se resuma a jogar laranja pro alto no congresso que nem otário.

domingo, 13 de janeiro de 2019

O que é o comunismo?


Me perguntaram outro dia: "O que é comunismo?". Eu pensei, pensei, tentei responder de acordo com o referencial teórico, mas fiquei eu mesmo insatisfeito com a minha resposta, ela foi tosca, abstrata, não falava do que seria esse modelo de sociedade no dia a dia. Eu poderia dizer que é uma sociedade onde cada um tem o que precisa e cada um dá o que pode, mas é pouco.

Comunismo são 3 refeições diárias, mas é mais que isso, é revolução. Comunismo é ter a certeza de não dormir no corredor de um hospital sem saber quando será atendido porque terá assistência médica pra todos e os médicos não serão mais uns arrombados, mas comunismo também não é só isso. Comunismo é o direito do faxineiro à filosofar e o dever dos filósofos à faxinar, é não existir mais patrões e nem empregados, apenas pessoas que sabem a sua função, de que maneira contribuem com a humanidade, e não simplesmente ter um holerite no final do mês que lhe proporciona pagar as contas.

No comunismo os operários decidirão por eles mesmos em que horário terá fim o expediente e poderão jogar futebol para relaxar. Jogarão contra as mulheres operárias da construção ao lado, sem discriminações, e o time de camisa contra o sem camisa será tirado no par ou ímpar. Mas também é mais que isso.

É não existir mais roubos, pois ninguém mais passa necessidade e também, por serem conscientes de seu lugar no mundo, já não almejam usurpar seu igual. E assim, já não existirá também mais polícia, ninguém mais vai forjar flagrante e nem existirá mais "suspeito padrão". A ostentação será coisa de uma sociedade pré-histórica, uma época em que uma corrente de ouro valia mais que um bom papo.

No comunismo o funk vai ser tão respeitado quanto a música clássica, aliás, o tecnobrega, a música clássica, o punk e até o sertanejo universitário narrarão as maravilhas da sociedade sem classes, da sociedade sem exploradores ou explorados. Surgirá um cantor de rap que cantará: "comunismo é compromisso, não é viagem".

O comunismo é liberdade, é direito, mas também responsabilidade. Longe de ser aquilo que chamam de utopia, o comunismo é uma possibilidade histórica que o capitalismo abriu. Não gosta dele? Azar o seu e fica ligeiro, porque essa possibilidade é real.



É isso que é o comunismo, uma possibilidade.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Reforma da previdência

As 50 famílias mais ricas do Brasil estão muito preocupadas com a reforma da previdência. Com a reforma o governo terá mais dinheiro para enfiar no esfincter dessas famílias. Por outro lado, com essa reforma, as 5 milhões de famílias mais pobres do Brasil perderão seu direito de se aposentar, coisa que as famílias medianas só farão economizando bastante e pagando uma previdência privada.

A burguesia não se importa com seu "direito" à aposentadoria, eles tem herança, vivem de especulação imobiliária e financeira. Quem vive de aposentadoria é classe média e pobre.

Vale lembrar:
FHC fez reforma da previdência.
Lula fez reforma da previdência.
Dilma fez reforma da previdência.
Temer tentou fazer reforma da previdência.
Bolsonaro quer fazer reforma da previdência.

Se você não está entre os mais ricos do Brasil, não interessa em quem você votou na última eleição, eles querem que você se exploda.

Força política não se faz com grandes número de deputados, vereadores. Força política não se faz com um presidente barbudo que usa vermelho e faz carinho nos bancos e empreiteiras. Força política é a nossa capacidade de se enxergar enquanto classe, parar a produção, circulação e venda de mercadorias.... GREVE GERAL NELES, CAMARADAS!!!

Menino veste azul e menina veste rosa

Existe uma velha tática de tirar a dor. Se a pessoa reclama de dor de cabeça, você dá um bicudo na canela dela e pergunta a ela se passou a dor de cabeça, pois agora o que dói é a canela.
Quando a excelentíssima ministra Damares fala as groselhas dela sobre a cor que cada sexo deve usar, essa com certeza será apenas a primeira de muitas groselhas. Tal como o caça as bruxas que deve rolar com a tentativa do governo Bolsonaro de implementar a "Escola Sem Partido", essas serão apenas nuvens de fumaça para ocultar outros temas de maior importância pro governo.
Quais serão as pautas de maior importância? O laranja do Queiroz, o valor do salário mínimo, a reforma da previdência, entre outros assuntos, principalmente para os quais ele foi colocado lá: garantir os lucros dos patrões e tirar direitos dos trabalhadores.