quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Carta de um trabalhador arrependido

Gostaria de assumir em público meu voto na última eleição. Meu voto foi em Jair Bolsonaro. Não tenho vergonha em assumir isso porque votei convicto. Da mesma maneira que votei convicto, convicto assumo que me arrependi.
Hoje percebo que tendo passado a reforma da previdência trabalharei até meus 70 anos, ou mais, trabalharei até morrer. Quando ele disse na campanha que os trabalhadores teriam de escolher entre ter direitos ou ter emprego eu não dei bola. Minha filha está grávida de 8 meses e continua trabalhando, pois não consegue licença, assim como meus colegas de trabalho doentes e lesionados que não conseguem mais afastamentos e trabalham mesmo sem ter condições de trabalhar, aprofundando as enfermidades. O salário diminuiu, a gente anda comendo menos carne e mais ovo e frango. O Natal tá chegando e não sei como vou fazer com os presentes. Cortar o décimo terceiro foi sacanagem!
O pessoal do serviço até comenta em greve, mas tem medo da polícia vir aqui e arrebentar todo mundo. Dizem que os tiras tão com sangue no zóio com todos agora que não tem mais dor de cabeça pras coisas erradas que fazem. Ouvi dizer que chamam de "excludente de ilicitude", né?! Nome bonito pra matar inocente e não sofrer consequência nenhuma.
Aumentaram também a lei anti-terrorismo, da Dilma, lembra? Hoje qualquer protesto é terrorismo. Onde já se viu? Querer ter um salário melhor virou terrorismo!
Acho que se o tal do Fernando Andrade tivesse sido eleito pelo menos essa parte da polícia não acontecia tanto, por não ser militar. Mas é isso, trabalhador as vezes é igual criança. Não adianta dizer que se colocar o dedo na tomada vai tomar choque, ele tem que ir e tomar o choque pra aprender. Eu só queria que esse choque fosse só jeito de falar e não que fosse a tropa de choque e a cadeira elétrica.
José da Silva
5 de novembro de 2020.

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