sexta-feira, 17 de abril de 2020

Análise de conjuntura - 12 de abril de 2020

Há alguns anos, meados de 2015, tem se discutido a dimensão da próxima crise economica que se desenhava, pois tão certo quanto o dia virar noite, são as crises do capital.
Em 2018, durante a bagunça que foram aquelas eleições, me lembro de discutir com camaradas de militância as consequências da próxima crise estourar nas mãos do próximo presidente, Bolsonaro ou Lula - até então candidato, e quais seriam os ganhos pra organização e mobilização dos trabalhadores o cenário da crise estourando na mão da extrema direita ou na mão da esquerda socialdemocrata.
A roda da história girou, Bolsonaro ganhou, e a crise anunciada há tempos vai estourar na mão do presidente mais patético que talvez o Brasil venha a conhecer. Patético, mas não ingênuo.
Para a sorte dos capitalistas, surgiu um vírus bem conveniente chamado Corona pra botarem toda a culpa nele do seu sistema que se retroalimenta através de suas crises. É através das crises do capitalismo que os patrões recuperam suas taxas de lucro. Como? Simples, retirando direitos dos trabalhadores. Podemos sentir que no Brasil a crise já estava anunciada quando a pauta se tornou a reforma trabalhista e da previdência, ou seja, os patrões querendo aumentar as taxas de lucro. A crise mundial já era anunciada com a taxa baixíssima de desemprego nos EUA e o gigantesco nível de crescimento que começava a dar sinais de estagnação.
Se para os trabalhadores a crise é um problema, para os patrões é solução. É na crise que eles conseguem trilhões de dinheiro público, é na crise que ninguém mais fala de liberalismo e Estado mínimo, é na crise que dizem que algumas medidas são como um remédio ruim e necessário para os trabalhadores. Eles recuperam o lucro e nós afundamos na miséria.
Longe de dizer que o Corona é uma gripezinha e de querer acreditar em ideias conspiratórias de que a China criou o vírus, a pandemia veio a calhar como um ótimo boi de piranha. O cenário que está ficando ruim, vai piorar. O desemprego vai aumentar, os preços vão subir e mais direitos serão arrancados enquanto dormimos. Enquanto isso, a sereia voltará com seu canto, mais alto do que nunca, e se nós não nos prepararmos para combatê-lo tem chances de morrermos afogados.
A mídia já vem cumprindo um papel importante de minar Bolsonaro, isso é notório com a Globo e a Folha. Mas estaremos ferrados se julgarmos serem esses nossos parceiros. Isso apenas demonstra que a burguesia não está em consenso quanto ao presidente. Ao mesmo tempo que atacam veementemente Bolsonaro, blindam o ministro Paulo Guedes e sua agenda economica que arrebenta com os trabalhadores. É de se cogitar que com o vice, Mourão, na presidência esses ataques se transformarão em apoio incondicional.
Imaginar como teria sido a crise na mão da esquerda pelega seria agora masturbação mental. Imaginar como as organizações dos trabalhadores que não cederam ao pacto de classes se utilizarão da "crise do Corona" para avançar ao centro da classe, um setor onde quem não está à deriva ou flerta com seus algozes verde-amarelos ou flerta com a pseudo oposição vermelha é a tarefa dos comunistas.
Como nos organizarenos para dar um tiro no gigante de pé de barro que está prestes a cair sem deixar os conciliadores se levantarem?
É preciso ir além das palavras, é preciso agir.

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