terça-feira, 23 de outubro de 2018

O jabuti e a árvore

Há poucas chances do PT ganhar essa eleição, e ainda que ganhe, tem chances de ganhar e não levar - e eu apostaria nisso.
A primeira é que Haddad ganhe e nem assuma, por motivos jurídicos envolvendo-o em corrupção, em fraudes eleitorais ou coisas do tipo.
Pode ser que ele ganhe e seja minado pela oposição e congresso, tal como o segundo governo Dilma. Começa o governo e não termina.
Há quem acredite em um improvável golpe militar. Não é a tendência, mas é sempre uma possibilidade tendo em vista nossa cultura lambe-botas.
Seja qual for o desdobramento histórico, mesmo com o melhor -ou menos pior- dos cenários que é a vitória do Haddad, o espectro do fascismo está posto. Podemos continuar olhando pra ele de 2 em 2 anos, pensando apenas em eleições, como temos feito nos últimos 30 anos, ou podemos romper com o vício eleitoral.
Como disse um experiente camarada, "jabuti não sobe em árvores". Se ele está em cima da árvore é porque foi colocado lá. O fenômeno Bolsonaro foi contruído por uma classe média reacionária, que ganhou o apoio da burguesia, e que juntas conseguiram destilar seu veneno dentro da classe trabalhadora através de muitas notícias falsas e moralismo. Ganharam força na medida que as organizações dos trabalhadores se esqueceram do cotidiano massacrante que passamos diariamente nos nossos trabalhos, se habituando ao ar condicionado, terno e gravata, papel e caneta, seja nos cargos públicos ou na estrutura sindical.
Combater apenas o jabuti na árvore está sendo há algum tempo o papel da esquerda reformista. Qual é a tarefa daqueles que não se submeteram à conciliação capital/trabalho?
Nosso papel é não ser seduzido pela disputa do Estado, não sucumbir da luta dos trabalhadores contra os patrões. A lógica da representatividade burguesa contribui apenas para a dominação de classe na medida em que as organizações de esquerda incorporam isso como central.
Fascismo não se combate apenas nas eleições, muito menos fazendo toda a classe trabalhadora acreditar que passou ser classe média. O fascismo se combate é na luta contra os patrões e seus governos!

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